O que é a Presbiacusia?
A Presbiacusia (do grego prébys = idoso ; ákousis = ouvir) é a diminuição da capacidade de ouvir e entender os sons, decorrente do envelhecimento.
É a causa mais comum de surdez progressiva, frequentemente subdiagnosticada, desvalorizada e negada pelo próprio idoso, que desconhece seus efeitos negativos físicos e sociais. Causa um grande impacto na qualidade de vida e tem graves consequências, contribuindo para o isolamento, depressão e demência. Atinge entre 40 e 66% dos indivíduos com mais de 75 anos, segundo Censo americano de 2004.
A presbiacusia decorre do comprometimento combinado das funções auditivas tanto centrais (no sistema nervoso central) quanto periféricas (na cóclea – orelha interna – e nervo auditivo). Há associação familiar, principalmente materna, ou seja, quando acomete mulheres este problema tem maior chance de transmissão aos descendentes, principalmente para as descendentes mulheres.
O que pode causar Presbiacusia ?
Há associação familiar, principalmente materna, ou seja, quando acomete mulheres este problema tem maior chance de transmissão aos descendentes, principalmente para as descendentes mulheres. Mas também ocorre de forma isolada.
Exposição crônica ao ruído, dietas com pouco folato e vitamina C, diabetes, o hábito de fumar, o sedentarismo e até o alcoolismo podem estar relacionados a uma progressão mais acelerada da doença, ou seja, ela acaba por ocorrer de forma pior e mais rápida nestas situações.
Como suspeitar da presbiacusia?
As queixas por parte do próprio paciente são poucas, na maioria das vezes. Nos relatam que “escutam mas não entendem muito” e que a TV está cada dia sendo colocada em volume mais elevado. Os acompanhantes e familiares normalmente são os primeiros a notarem e nos contarem isso com maior frequência.
Geralmente a perda auditiva vai ocorrendo gradualmente, de forma lenta, e acometendo os dois ouvidos de forma similar, iniciando nas frequências mais altas (nos sons mais agudos), a partir dos 40 anos.
Desta forma, se está “escutando mas não entendendo”, se as pessoas costumam reclamar do volume de sua televisão ou se percebe que precisa que repitam algumas vezes as palavras para que consiga ouvir, é sinal de que precisa ser avaliado (a)!
Como ter certeza de que possuo uma perda auditiva por conta do
envelhecimento?
Como sempre na medicina, uma boa entrevista médica, com exame clínico bastante acurado são um passo inicial fundamental. Quaisquer outros exames são complementares e serão solicitados caso a caso. Por isso é importante que este passo seja dado corretamente; nada substitiu o bom médico!
Dentre os exames passíveis de serem realizados, a Audiometria Tonal e Vocal é um dos mais importantes. Quando associada a um correto exame clínico e à Imitanciometria, nos traz informações fundamentais. Outros exames poderão ser solicitados, como a análise das Emissões Otoacústicas, o BERA (PEATE), outros potenciais evocados e exames de imagem.
Quando saber que é a hora de tratar a Presbiacusia? Quando usar um aparelho auditivo?
Se esta pergunta fosse realizada há alguns anos, qualquer profissional sério diria que a indicação de utilizar ou não um aparelho auditivo dependeria do grau de perda auditiva e do quanto o problema gera impactos na qualidade de vida do paciente. Porém, atualmente sabemos que mesmo graus leves de perda auditiva bilateral em idosos, podem predispor a uma evolução cognitiva desfavorável do decorrer dos anos. De forma mais clara, estes pacientes teriam maior propensão a apresentarem demência (“esquecimento”) que os idosos normouvintes. Então temos que tratar!
O tratamento precisa, primeiramente passar pelo entendimento, por parte do paciente, de que ele de fato não tem uma audição normal. Após isso, situações como sedentarismo, obesidade, alimentação, hábitos inadequados e doenças metabólicas (como diabetes) precisam ser abordadas e discutidas.
Um passo fundamental é a indicação de aparelho auditivo (Aparelho de Amplificação Sonora Individual – AASI), pois o estímulo auditivo precisa ser iniciado o mais precocemente, podendo reduzir a deterioração da função auditiva e ajudando a prevenir a deterioração cognitiva.
O acompanhamento otorrinolaringológico é fundamental após o início do uso dos AASIs. Com o envelhecimento, outras alterações ocorrem e podem interferir com a qualidade da amplificação sonora, necessitando de intervenções por parte do médico. Por exemplo, o canal da orelha (meato auditivo externo) pode se tornar cada vez mais flácido e colabável, o que poderia atrapalhar a introdução de alguns aparelhos. Da mesma forma, podem ocorrer lesões (“machucados”) neste canal, que podem infectar necessitar de um tempo sem utilizar as próteses auditivas. A perda auditiva tende a progredir, podendo piorar muito e necessitar trocar o tipo de aparelho ou mesmo de outras formas de tratamento. Alguns pacientes podem se beneficiar com a indicação de modernas próteses implantáveis. Dentre estas, o Implante Coclear pode ter indicação nos casos de perdas auditivas severas a profundas bilaterais que não tiveram benefícios com os aparelhos auditivos convencionais.