Condroplastia laríngea, tracheal shave ou mesmo tireoplastia de redução é a cirurgia capaz de reduzir a proeminência laríngea (famoso pomo de Adão). Esta cirurgia é descrita desde a década 70, mas atualmente vem surgindo frequentemente na mídia.
Como é realizada a cirurgia no “Pomo de Adão”?
Através de um pequeno corte (de 3 a 4 cm) na região anterior do pescoço, realizamos a exposição da cartilagem tireóidea e de sua proeminência (o pomo de Adão). Após medição endoscópica dos limites seguros de sua redução, desenhamos a área e removemos toda proeminência possível, fazendo ajustes e refinamentos nas bordas das cartilagens com a lâmina de bisturi e com um aparelho especial chamado “drill”. Desta forma, uma cartilagem menor e com bordas menos marcadas é confeccionada.
Em nossa prática é muito importante o monitoramento endoscópico da cirurgia, preservando o lugar de inserção das cordas vocais e do ligamento tireoepiglótico durante todo o procedimento, e evitando que ocorram problemas para engolir ou que a voz “engrosse” após a cirurgia. Para isso, realizamos a cirurgia sob anestesia geral com utilização de máscara laríngea, que permite que façamos a endoscopia laríngea durante todo o procedimento ao mesmo tempo em que assegura uma via aérea de qualidade durante o procedimento.
Após os passos acima, realizamos um fechamento por planos de toda região manipulada, principalmente com pontos intradérmicos na pele, permitindo uma cicatriz muito discreta, quase sempre escondida dentro de uma linha natural do pescoço.
Qual paciente pode se beneficiar da condroplastia ou tracheal shave?
Esta cirurgia está indicada para pacientes que tenham a proeminência laríngea muito marcada, ou seja, um pomo de Adão muito protuberante, e que se incomodem com isso. Tal situação geralmente incomoda as mulheres, seja aquelas que por uso de hormônios masculinos tiveram tal região aumentada de forma indesejada, seja aquelas em processo de transexualização.
Como é o período após a cirurgia (pós-operatório)?
As orientações neste momento podem variar, porém, consideramos pertinente que se faça repouso por ao menos uma semana, que se evite refeições pesadas e difíceis de engolir, e que se economize a voz o máximo possível no período. Dor geralmente ocorre, porém de leve intensidade, e por isso encorajamos o uso de analgésicos como Dipirona ou Paracetamol. Em casos selecionados, indicamos o uso de antibióticos. Os pontos são removidos em 7 a 10 dias.
O que pode acontecer após a cirurgia?
Conforme já dito, dor ou desconforto ao engolir é o sintoma mais comum após a cirurgia. De forma geral são de baixa intensidade e muito bem controlados com analgésicos comuns.
Outra situação que acontece e é muito comum é uma rouquidão transitória, que costuma acontecer em 1/3 das pessoas, geralmente melhorando por completo em até 3 semanas de cirurgia.
Complicações mais sérias como alterações permanentes da voz ou da deglutição são raras e potencialmente preveníveis.
Como se programar para fazer a cirurgia?
É de grande importância procurar um profissional capacitado para a cirurgia e com experiência no manejo da laringe (como um otorrinolaringologista ou cirurgião de cabeça e pescoço).
Toda uma avaliação pré-operatória minuciosa é necessária:
– Realização de exames pré-operatório básicos (como exames laboratoriais e cardiológicos).
– Realização de exame completo da laringe e do pescoço (como videolaringoscopia ou videolaringoestroboscopia, preferencialmente com gravação e arquivamento da voz, e fotografias do pescoço) antes da cirurgia.
A depender do caso, acompanhamento psicológico prévio é necessário.
Também é fundamental uma boa relação médico-paciente em todo o processo de antes, durante e depois da cirurgia. E talvez este seja o passo mais importante e que mais depende da paciente: determinar qual médico será o responsável por conduzir seu caso. Conhecimento técnico médico, capacidade de esclarecer dúvidas, empatia e disponibilidade pós-operatória são os critérios que julgamos mais determinantes para o sucesso global do procedimento.